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- Um banquete, um desprezo e o AMOR - Parte II
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Em
meio ao desprezo de um líder religioso, as pessoas observavam os visitantes
saborearem o jantar, mas o Mestre recebera a pior das recepções. Alguém faria
algo a respeito? Quem ali reconhecia a autoridade de Jesus? Entre os olheiros
estava uma mulher bem conhecida por todos – uma pecadora que vivia naquela
cidade. Ela, quebrando regras da tradição religiosa e moral daquela gente,
demonstrou sua devoção para quem verdadeiramente merecia a atenção de todos:
lavou os pés de Jesus com suas lágrimas, e como seria impossível pedir uma
toalha ao anfitrião, enxugou-os com os próprios cabelos, ungiu-lhe com perfume
e beijou-lhe os pés.
Sem
conhecermos a cultura da época não percebemos tamanha ousadia daquela mulher, a
qual o narrador do Evangelho nem sequer diz o nome. Para se ter uma ideia, as
mulheres judias só soltavam os cabelos diante do esposo, no ambiente familiar,
íntimo. E aquela, além do seu gesto, tocou os pés do Mestre. Além do mais, em
uma sociedade tão rígida, onde ninguém deveria receber presentes “impuros” de
uma pecadora, Jesus recebe os dela. Ele não apenas aceita sua demonstração de
devoção, afeto, adoração, bem como honra a sua atitude, honra que fica evidente
com a narração da parábola, pois, ao invés de usar mulheres na história, as
personagens são homens e, paradoxalmente, ao compara-la com um homem, estaria
honrando-a naquela sociedade machista. Além do mais, seu discurso afirmava a
possibilidade se sua aceitação/reinserção na sociedade, inclusive na conclusão
da história, visto que atestava o arrependimento e o perdão concedido a essa
mulher – ao demonstrar muito amor, ela revelava que havia sido muito perdoada:
“Sua fé a salvou; vá em paz”.
Através
da comparação da atitude do fariseu com a atitude da mulher, nos versículos
44-46, o Mestre expôs o que se passava naquele jantar, tudo que o fariseu não
fez, a mulher realizou, no que ele faltou, ela teve em abundância. Antes disso,
a prepotência daquele fariseu já tinha vindo à tona, seu orgulho foi notado por
ele mesmo, quando “reconheceu sua atitude” na representação daquela narrativa, respondendo,
a interrogação do final da parábola: “Qual deles o amará mais? ‘Simão
respondeu: ‘Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior’. ‘Você
julgou bem’, disse Jesus.” #Lc7.42a,43.
Eis
uma lição para nós, será que nossas atitudes demonstram amor, ou estamos mais
preocupados com tradicionalismos, convenções sociais, com o que receberemos de
Deus se fizermos isso ou aquilo? Será que nossas ações demonstram o orgulho
daquele fariseu, ou a humildade e arrependimento daquela mulher? Dentre os
“inadimplentes” perdoados, aquele que devia mais amava mais. Não é por amar
demais que se tem perdão, mas por reconhecer que foi muito perdoado, reconhecer
que o perdão recebido é uma dádiva, um favor não merecido, que se consegue expressar
profundamente o amor a Deus.
Se
pudéssemos perguntar aquela mulher o que ela sentiu... Ela derramou-se aos pés
de Jesus sem se importar com todos os presentes naquele lugar. Sua atitude
ecoou por toda a casa, indicando a majestade de Cristo, foi expressão de amor
diretamente no coração do Senhor. Ao Mestre que a honrou, a perdoou, a
justificou e mudou sua história para sempre, ela muito amou!
Por Aliana Geórgia