- Back to Home »
- Isabely Santos »
- O barco, o vento e a menina
domingo, 2 de junho de 2013
Acordei em um dia qualquer e quis fazer as coisas
diferentes. Resolvi fazer uma grande viagem de barco a vela, nele coloquei
minha bagagem. Eram tantas coisas que ainda carregava! Nem acreditei quando
coloquei sobre os meus ombros, e fazia anos que levava comigo todas aquelas
coisas.
Era uma manhã de segunda, o sol tinha se escondido entre as
nuvens. Olhava para aqueles flocos gigantes de algodão, era assim que chamava
eles quando menina ainda pensava. Brincava de encontrar formatos diferentes.
Imaginação! Acho que isso que se perdeu de mim, os anos se passaram e o
pessimismo tomou conta. Tudo era preciso
e bem pensado, tudo em seus devidos lugares!
Aquela manhã foi bastante nostálgica. Resolvi colocar a
mochila sobre os ombros e simplesmente sair em busca do meu barco. Fui ao cais
e lá estava ele. O chamei de Fé. Agora firmava os meus pés sobre o “Fé", e por
mais que uma viagem sem destino a barco pudesse
parecer amedontradora, naquele momento eu tive a plena certeza que estava bem e segura. Na
verdade estava certa que minha vida teria começo naquele instante.
Pronto! Era um recomeço onde havia colocado todas as minhas
esperanças e expectativas. Passou o primeiro mês e tudo parecia bem, correntes
de ar leves que me faziam navegar sobre o “Fé” me guiavam por essa viagem sem
destino certo, pelo o mar da vida. Os meses foram passando e tudo parecia calmo
e tranquilo, mas quando peguei os mapas percebi que a rota estava errada e
vento só soprava contrário. Então em meio minha falta de direção pedi ajuda aos
céus. Naquele momento só restavam nós, o barco, a tempestade e a solidão. O
jeito era buscar algo que norteasse meu veleiro. Com os pés sobre o “Fé”,
clamei justiça, pedi paz. A resposta foi imediata! Logo um vento soprou e o mar se acalmou.
O vento que sempre era o vilão das histórias foi o que norteou o meu barco, agora me encontrava segura. Tinha a convicção que havia
alguém que governava tudo! Os ventos, as tempestades, a vida e até mesmo o
“Fé”. Meu pequeno veleiro se tornava um navio de grande porte onde eu estava segura
e o mar da vida já chegava ao fim. Mas desse mar levo a experiência e
aprendizado. Levo a certeza que quem traz a direção do mar da vida, não nós!
Nessa história eu sou a mera narradora. O barco que me
firma, o vento me norteia. Pequena sou nessa imensidão, mas dentro do Fé, já
não sou tão pequena. Com a tempestade a minha bagagem foi levada. Embora lá
tivesse o meu fardo, entre os pequenos bolsos havia alguns pequenos sonhos.
Depois disso eu descobri que é preciso alguns sonhos irem para outros surgirem.
Por Isabely Santos