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- Eu posso desistir?
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Sim, eu posso
desistir. O poder de escolha está em minhas mãos. Mas desistir custaria muito
mais caro que continuar e não teria nenhuma recompensa. Custaria horas de
pensamento em que poderia ter dado certo se eu tentasse novamente. Ou que eu obteria
êxito se não tivesse tanto medo. Medo de quê? Dos monstros (in)visíveis que me
envergonham por eu não ter conseguido fazer do jeito certo. Só que eu sei que
eles com certeza estarão lá para me assustar se eu não tentar. E tentando, há
alguma probabilidade, ainda que mínima, deles não poderem me devorar. De que frágil
como um menino com uma funda, eu possa derrubá-los. E no fim, receber o tão
caro prêmio. Sim eu posso desistir. Mas desistir é um alívio passageiro como
tirar a mochila das costas e sentar sobre ela para descansar. E então depois
ter que pô-la de novo e prosseguir o caminho. Ah, como me parece agora muito
mais pesada que antes! Não, definitivamente eu não posso continuar carregando
isso. Eu preciso de ajuda. De alguém que possa carregar de vez esse fardo
pesado da insegurança. Alguém em cuja sombra eu possa me desfazer do cansaço
que trouxe até aqui. Alguém que me faça ter a capacidade necessária para fazer da
dureza das circunstâncias, jorrar a fonte. Preciso de alguém que me faça
acreditar que eu posso ser fiel ao que me foi confiado e chegar até o fim, e
que após ter lançado sementes a rega de lágrimas, eu receberei da vida o
prêmio, a coroa, os frutos felizes de um vitorioso que no caminho, ainda que
tropeçou sete vezes, não continuou prostrado. E encontrou, depois das
intempéries arrasadoras, num ramo de oliveira a mensagem de esperança: o tempo de
cantar chegou.
Por Iky Fonseca