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- O forasteiro II
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
Sempre mui cordial, gozava do melhor vinho e das melhores canções – Estão rendidos aos meus encantos! (pensava ele). E de certa forma, estavam.
A vila, dotada de uma economia quase auto-suficiente, aos poucos foi perdendo sua identidade e o que antes era um espaço onde a nobreza apreciava frequentar, tornara a mais perigosa de toda a região. No lugar do perfume suave e do ambiente harmonioso, fez-se presente o desequilíbrio. Estavam todos doentes.
- Como permitimos este excesso? - Será que passamos do ponto, ou foi o vinho que tomamos em demasia? - O Rei nunca mais nos visitou, será que nos encontramos em desacordo com a realeza? (retrucavam as famílias mais distintas)
Sem a Ella para organizar os espaços, a vila foi ficando cada vez mais desorganizada e à mercê daquele que um dia foi um forasteiro. Entre uma das suas nostalgias, estava a do seu antigo posto, ser ela mesma.
Ora estavam sadios, ora estavam enfermos. Não existia mais constância na vida daqueles moradores. Aos fascínios e falácias, aquele não estava mais de passagem, relembrou dos seus tempos de outrora em que apenas possuía espaços, enlaçava olhares e desejava ao que os seus olhos quisessem. – Que prazeres encontro mais aqui? Aspiro por outros ares. Ele agiu sorrateiramente durante a noite e se foi.
Ella, que sempre estava pelos arredores da vila, sentiu-se inquieta com a vista. Arregaçou as mangas e foi ao trabalho. Aos seus patrões nem adiantava dizer-lhes: - Eu lhes disse! (embora naquele momento servisse) Limpou a casa, e foi como se limpasse a vida de cada morador. Juntou as calhas e os pedaços quebrados, as folhas no chão e os problemas encontrados foram sanando aos poucos... – E se o forasteiro voltar? (Questionou uma senhora distinta) – De certo ele não voltará minha distinta senhora, a devassidão feita jamais será esquecida, a lembrança nos guardará, e a nobreza certamente o colocará em seu devido lugar.
Muitas vezes permitimos brechas em nossa caminhada com Deus e por acharmos que somos auto-suficientes cremos que podemos dar a volta por cima com nossas próprias mãos, o que nos faz ir para mais longe do Pai. O nosso corpo é templo do Espírito Santo, precisamos da presença dele para que a nossa vida faça sentido e nossos anseios sejam satisfeitos.
Quando insistimos em algo que desagrada a Deus, nos tornamos fraco em nosso ser, e a única coisa que permitimos que ele faça é nos visitar de tempos em tempos, deixando o seu perfume suave e sua doce voz, pra quem sabe assim, nos leve a saudade do primeiro amor e queiramos voltar. Rogo a Deus para que saibamos guardar a palavra dEle em nossos corações, porque maior é o que está em nós do que o que está no mundo.
“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.” (Salmos 119:105)
Só buscando e seguindo a palavra, podemos enxergar na escuridão qualquer forasteiro que desejar invadir a nossa vila.
Com amor em Cristo,
Natasha Zucolotto.
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