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- Mais um conto sobre meninas e barcos
domingo, 30 de novembro de 2014
Esse é mais um conto sobre meninas e barcos, mas dessa vez a
narradora que me acha frágil e indefesa conseguiu enxergar a mulher que há
dentro do meu ser.
Era uma tarde de segunda (nos dois sentidos que essa palavra
pode ter), tinha acabado de sair de férias, sem perspectivas. No meio da tarde
veio uma ideia, como aquelas lâmpadas que aparecem para os bonequinhos nos
filmes, vou fazer mais uma viagem!
Dessa vez peguei uma mochila e coloquei nela Coragem, acho
que isso era o que mais e faltava nos últimos anos. Liguei para um velho Amigo
e pedi que ele me indicasse uma boa rota de viagens. Mas só indicasse, porque
já decidi carreira solo a muito tempo! Pois bem, ele começou a falar bons
lugares para navegar, lugares tranquilos, discretos onde eu pudesse vier à paz
que existe na solidão. Como me conhecia muito bem, o meu Amigo, resolveu me
mandar um email e me indicou um porto perto da minha casa.
Na manhã da terça acordei antes do sol nascer, tomei um
banho de pés à cabeça, com a música na maior altura na playlist favorita, não
trocava ela fazia anos. Logo, após esse momento desci até a cozinha e bebi um
café forte passado na hora. Sem fazer bagunça, terminei o café e lavei a minha
xícara. Saí de casa entrei no carro (ainda cm fones de ouvido), e segui até meu
mercado predileto lá tinha todas as coisas que gosto de comer, mas também tudo
que fosse o mais prático de ser preparado era uma ótima pedida.
Chegando lá peguei o meu celular e dei uma olhada na lista
de compras, me lembrei de que tinha esquecido de imprimir a rota da viagem. Tá
legal vou fazer o que tenho que fazer primeiro, pensei. Fiz as compras o mais
rápido que pude e fui para casa. Peguei a rota e partir.
Quando estacionei o no porto indicado liguei para meu amigo
e perguntei o nome do barco que ele tinha encomendado para mim. E o nome era
Confiança.
Com algumas caixas, minha mochila cheia de Coragem e entrei
no meu mais novo lar, a pequena embarcação com o nome de Confiança. Antes de
desamarrar o barco dei uma olhada no mapa e liguei o rádio de comando. Parecia
que pela primeira vez em anos estava tudo indo muito bem. O caminho era
tranquilo, a rota ia dá em águas limpas e cristalinas onde nunca se viu um
tubarão.
Eu estava decidida e tranquila sabia que o meu Amigo nunca
ia me passar uma rota errada.
Comecei. Nos primeiros nove dias tudo estava bem. Mar
tranquilo e boas leituras guiavam minha aventura. Ás vezes uma pausa para
fotografar o lugar, em outras apenas para dar um mergulho. Tudo estava indo as
mil maravilhas, quando de repente, a rota que eu estava seguindo começou ir a
um lugar estranho. Apenas confiei.
Passado dois dias a situação piorou a minha confiança se
abalou, peguei o celular para ligar para meu Amigo, só que ao discar o número
lembrei que em alto mar não existe sinal. Olhei o mapa umas centenas de vezes e
nele dizia que estava tudo sobre o controle, mas você acha mesmo que eu
acreditei. A rota só poderia está errada, liguei o rádio de comando e o
comandante disse que estava tudo certo.
Não sabia mais o que fazer a Coragem carregada já tinha
evaporado como éter exposto ao ar. O que restava fazer era pegar o timão e
permanecer na rota por mais que ela parece estranha. Mar revolto, tempestade
cheia de raios. Uma coisa eu tinha convicção, não posso me desviar da rota dada
pelo meu Grande Amigo, Ele sempre sabe que está fazendo. Na maioria das vezes
Ele vai comigo, às vezes na minha frente, mas lembro de que uma vez Ele
mencionou que chegaria vezes que eu tinha que tomar as decisões sozinha.
Quando me lembrei dessas palavras fiquei mais decidida do
que nunca e fiz algumas perguntas
retóricas a mim mesma. Quem é a capitã do Barco da minha vida? Por mais que meu
grande amigo tivesse me dado uma rota a seguir, só eu poderia tomar a decisão
de governar aquele mar imenso.
Não sair da rota, permaneci firme confiando que um dia o mar
revolto ia passar e mais acreditando que esse dia estava mais perto do que
longe.
Passados oito dias, as nuvens foram embora o sol radiou meu
dia, nunca tinha visto algo tão surpreendente em toda a minha vida, era a
imagem mais bonita que o meu coração poderia guardar. Quando olhei para a
praia, vi um homem sentado tomando uma água de coco. Ao me aproximar vi que era
meu Amigo.
- Não acredito que você está aqui! Falei ao descer do barco.
- Eu sabia que você ia tomar a decisão certa, por mais que
estivesse longe estava a todo o momento do seu lado! Nunca tenha medo de
tempestades, elas são importantes para molhar as sementes e regar a alma.
Isabelly Santos