Depois de ler um artigo da Bula, fiquei com muita vontade de escrever sobre amor e medo. O artigo, diga-se de passagem, é muito bom. Gostoso de ler. E esta semana, em que tudo parece estar tão romântico, vou tirar estes escritos da gaveta de meus palácios de memória.

André Gomes, o autor, diz que quanto maior o amor, maior o medo.

Quem tem amor, tem medo. Tal qual os pais e as mães cheios de amor e de medo das bactérias e dos canalhas, das doenças e da maldade que ameaçam suas crianças, os amantes também têm medo. [...] Medo da sombra que paira no olhar da pessoa amada depois do riso, medo de não ser aceito, medo das conversas pontuadas de silêncios tensos. Também tem o medo da insegurança que vira e mexe nos acomete e, por ironia suprema, nos afasta de quem amamos pelo simples pavor de perder.

Só que há uma amor que descarta todos esses medos, que lança fora a insegurança, as incertezas. Há um amor do qual podemos estar seguros, porque ele é perene. Ele não acaba, não falha, tudo suporta, tudo sofre e sobrevive. As muitas águas seriam insuficientes para apagá-lo (Ct 8.7) e as mais ardentes chamas não o consumiriam. É um amor mais forte que a morte, porque já a venceu quando a encontrou. Amor livre de concorrência, amor completo, que lhe conhece, lhe percebe e lhe concede, ainda assim, a mesma sobrepujante graça.

Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. Todo aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele. No amor não há medo; pelo contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos amou primeiro.