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- Um convite à solidão
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Às vezes eu fico a pensar quanto o mundo de hoje precisa de
pessoas que digam a verdade de maneira clara, contundente e sem temor. Ao
contrário disso, vejo um conjunto de pessoas nas igrejas coniventes com o
pecado por medo de serem rejeitadas. Incluo-me nessa geração apática e fria.
Portanto, quais as razões para tanta frieza? Por que em um tempo tão pervertido
aceitamos tudo?
Nas escrituras
encontramos muitos exemplos de homens que não se temeram as ameaças existentes,
sendo contundentes em suas convicções e fieis a palavra. Dentre eles, eu
escolhi abordar sobre João Batista. Inicialmente, destaco esse texto para
explica-lo depois.
“E o menino crescia, e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel.” Lucas 1:80.
Em outros momentos fica evidente a palavra cortante e
incisiva de João Batista, Primeiro com os fariseus: E, vendo ele muitos dos
fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de
víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Mateus 3:7. E até mesmo
com Herodes: Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu
irmão. Marcos 6:18. Ou
seja, ele não temia a autoridade religiosa da época nem a política para dizer a
verdade sem máscaras.
A história da igreja, por sua vez, está repleta de homens
como João Batista. Dentre eles, eu sou fascinado pela história de Atanásio,
bispo de Alexandria. Sua frase mais famosa é “Se o mundo se insurgir contra a
verdade serei eu, Atanásio, contra o mundo”. E de fato, o foi.
Entre os séculos III e IV houve uma dissensão que balançou
as estruturas da igreja. Um bispo chamado Ário propôs que Jesus não era Deus,
mas a primeira criatura de Deus. Ou seja, negava a divindade de Jesus. Com seu
discurso influente, Ário, conseguiu iludir grande parte da igreja, até que
encontrou com um “baixinho” que cresceu visitando os desertos onde morava certo
Antão, criador do movimento monástico. Atanásio tinha convicções muito fortes e
um zelo pela verdade. Muito longe de ser um eloquente ou político ele conseguiu
derrubar, no concílio de Nicéia, a heresia Ariana e foi promulgado o Credo Niceno
que até hoje é conhecido. Sendo exilado muitas vezes esteve sempre longe de ter
uma vida tranquila, mas guardou a verdade.
Dito isto, quais são as características comuns entre João
Batista e Atanásio além do intenso zelo pela palavra? Eles cresceram no
Deserto. Não me refiro aos desertos de tribulações, mas deserto de solidão. Sim, solidão mesmo. Vivemos tão
desenfreadamente atrás de coisas que não temos tempo para criar convicções
próprias. Oramos pouco. Meditamos pouco. Conhecemos pouquíssimo de Deus.
Conhecemos pouco até de nós mesmos.
Assim, ficamos sufocados pelos discursos mundanos e
balbuciamos sempre “Não julgueis” fora do contexto para esconder nossa
ignorância, medo e conivência com o pecado. Temos medo de sermos julgados pelo
mundo como cruéis. Temos medo de sermos julgado por alguns irmãos como
rigorosos. Temos medo da rejeição. Temos medo que a solidão, tão necessária
para as nossas vidas, seja nossa companhia certa. Estamos sendo sempre
coniventes com o pecado. A insipidez e escuridão é a marca de nossa geração. Acho que realmente somos a igreja de
Laodicéia. Ricos, mornos e cegos.
Por fim, apenas um texto resume tudo isso.
E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. (Rm 12:2)
Forte
Abraço;
Felipe Martins
A coluna de segunda, "Presentes", publica textos de nossos leitores e não expressa necessariamente a opinião deste site. Se também deseja que seu texto seja publicado, envie-nos para o e-mail worksolteiros@gmail.com.
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