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sábado, 2 de setembro de 2017
Confesso que nunca gostei dessa
música, conhecida entre os Cristãos brasileiros:
Eu preciso de você, você precisa de mim
Nós precisamos de Cristo até o fim
Sem parar, sem cessar, sem vacilar, sem tremer, sem chorar (2x).
Eu Preciso de Você – MPI (Música Popular na Igreja)
Não sei o que me irritava mais: o
ritmo, a limitação de uma letra repetitiva ou a coreografia de mãozinhas
movendo entre o parar, cessar, vacilar, tremer e chorar. Fato é que toda vez
que alguém cantava, eu já revirava os olhos e pensava “de novo, universo?!”...
Depois de muito investigar de dentro pra dentro, percebi finalmente o motivo
central da minha cisma, incompreensível durante anos: além das questões
supracitadas no inicio desse parágrafo, a valorização da ideia de que
necessitamos uns dos outros e de Cristo, tema central da letra em questão, era
o motivo mais forte para minha resistência.
Sim, caros leitores, eu não gosto
de depender de nada e de ninguém, e super sei que como eu muitos internalizaram
a necessidade de “se virar sozinho” em uma sociedade onde a dependência é
vista como fraqueza, falta de autonomia e fracasso pessoal. Não tenho
dificuldade nenhuma de escutar e compartilhar os problemas e desafios do
cotidiano, gosto muito de estar no lado de quem dá assistência, orienta, anima
e apoia quem precisa de colo e afago, mas ser o outro lado da moeda, aquele que
precisa ser alvo do serviço dos irmãos como manifestação do amor de Deus, realmente
é desconfortável pra mim. E quando a circunstância tem relação direta com questões
financeiras, movidas por desemprego e imprevistos, o meu incomodo se agiganta
dentro de mim e, a frase de impacto “Não quero ser peso pra ninguém” dá mais na
minha língua que chuchu na cerca, embora eu nunca tenha visto um pé de chuchu
na vida (rs)!
Estava eu, pensando nas minhas
vacas super desnutridas e vi o cartoon acima. Nesse momento a vida me deu um “Vraaaaaaa...
Toma distraída!”, e ouvi de mim mesma um questionamento super pertinente: quem
disse que você vai conseguir resolver seus problemas sozinha, hein queridinha?!
Vontade de ser independente não falta, mas no final de todas as tentativas de auto-suficiência,
sempre chegaremos à conclusão de que dependemos sim, mesmo, muito, de verdade e
totalmente de Deus. Inclusive, podemos considerar que a busca pela independência
do Senhor, foi um dos motivos que geraram o pecado original e todas as conseqüências
que ele nos causa até hoje.
A dependência é algo que nos
apavora, pois exige paciência, confiança e espera; afinal aqueles a quem
entregamos nossas petições também têm um tempo e espaço para agirem em nosso
favor. Cá pra nós: se Deus que é o “Todo
Poderoso” tem um tempo totalmente diferente do nosso, imagine os humanos em
quem confiamos e que também possuem outras prioridades, demandas e os próprios
problemas pra resolver...
Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Grifo meu). Portanto não temeremos, ainda que a terra se mude, e ainda que os montes se transportem para o meio dos mares. Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza. (Selá.) Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã. Os gentios se embraveceram; os reinos se moveram; ele levantou a sua voz e a terra se derreteu. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio. (Selá.) Salmo 46: 1-7
Hoje, mesmo em meio a tantas
coisas que me inquietam, quero escolher confiar e aceitar que sozinha eu não
consigo colocar minha vida onde e como ela deve estar. Dependo de Deus, Jesus
Cristo e do constante consolo que o Espírito Santo, através dos que me amam e
tem meu amor, vem semeando em mim. Mesmo preferindo ser a mão que oferece
ajuda, aceitarei que esse é o tempo de recebê-la. E você, tem que fazer essa confissão
pra si mesmo também?!
Beijos e Queijos,
Gratidão ao Guilherme Bandeira, pela liberação do uso de
seus cartoons nos meus "Rabiscos de Sábado: Razão x Emoção".
Conheça mais deste trabalho em https://www.facebook.com/objetosinanimadoscartoon/.