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- Antes de dizer sim, reflita! (PARTE 2)
domingo, 30 de julho de 2017
Quando compramos uma casa, nós assinamos um contrato e consequentemente sabemos dos direitos e consequências desse ato onde o papel e a caneta protagonizam. Ao casar fazemos um ato semelhante. Mas o que de fato é casar e quais são as implicações desse contrato?
Bom, sabemos que as pessoas casadas acabam construindo bens, uma propriedade privada, filhos e várias implicações que as vezes fazem com que o casal despreze a ideia de uma separação, a conveniência se torna mais forte do que o amor e assim vão se vivendo anos e anos acorrentados a uma construção social.
Em conformidade com as ciências sociais, as construções sociais como os papéis femininos e masculinos ou a propriedade privada, não passam de um ideal criado pelo homem. Espécie essa formada sem propósito, por meio de várias mutações ao acaso. Dói ver essa naturalização do ser humano e desconstruir conceitos tradicionais está em alta, mas isso não é sobre o mundo e sua influência nas nossas comunidades cristãs.
O que a Bíblia nos diz sobre o casamento? Será que um teste drive antes de envolver os bens do casal não seria uma boa escapada, já que o importante não é o contrato de casamento, mas sim o viver-se bem?!
De forma alguma! Na nossa sociedade temos regras e formas de conduta e a sistematização do casamento é uma delas, porém é importante observar que o casamento foi criado por Deus desde o começo da criação e com base no casamento bíblico que vamos fundamentar o seu significado.
O Livro Sagrado na verdade é uma compilação de estórias sobre o Reino e governo de Deus, os temas Criação, Queda, Redenção e Consumação estão desde de o Gênesis ao Apocalipse e todas as estórias menores tem o objetivo de contar o principal, o plano que Deus teve desde do início [1].
Observamos que o casamento tem espaço em vários livros e passagens bíblicas, inclusive reintegrando o que foi dito anteriormente, Deus usa o casamento para falar da relação entre Cristo e a igreja (Efésios 5:32), ou seja, vale-se de uma estória menor para falar sobre a principal, a redenção e consumação.
De acordo com a bíblia, a mulher representa a igreja e Cristo o seu esposo. Como ilustra Dave Harvey, “o casamento foi estabelecido no mundo no seu lar e no meu como lembrete, uma parábola viva do relacionamento de cristo com a igreja” [2]. A mulher na bíblia é vista como vaso mais frágil, honrada e amada por seu esposo de maneira sacrificial, como podemos ver no livro de 1 Pedro 3:7, a bíblia pedindo para os homens tratarem as suas esposas com honra e com cuidado, já que caso isso não aconteça até mesmo as suas orações podem ser impedidas.
Mas em contrariedade, as pessoas se apegam a alguns elementos bíblicos para distorcer a vontade de Deus para as nossas vidas. Geralmente as pessoas utilizam-se do mesmo texto anterior, mas apenas o versículo 1, “semelhantemente, vós, mulheres, sede submissas a vosso marido”, não terminam nem o versículo (que fala sobre conversão de maridos incrédulos pela forma de viver de suas esposas) e colocam a submissão de maneira equivocada, na qual essa não passa de uma forma de limitar o poder da mulher, como podemos ver abaixo:
“A religião é uma das responsáveis pela produção e reprodução dessa hierarquia dos sexos, sacralizando papéis socioculturalmente construídos [...] a religião é uma das grandes responsáveis pela a inferiorização e secundarização das mulheres em nossa sociedade” [3].
Pena que esses “pensadores” como são chamados, esquecem que o evangelho é mais que uma religião, ele é poder de Deus para aqueles que creem e sabemos que é a vontade de Deus. Muito mais que uma construção social os papéis dentro do casamento são a expressão do querer de
Deus, que prefigura o casamento de Cristo e da igreja.
Para finalizar, que possamos entender a nossa fragilidade e experimentar uma graça única no casamento, graça semelhante a que a igreja recebe. E perceber que de alguma forma, ao ensinar aos nossos filhos a serem submissos aos pais, como somos aos nossos esposos, começamos uma forma de governo nos nossos lares que pode fazer a sociedade glorificar a Deus com sua maneira de viver. Já que, sem dúvidas, estes quando crescem ao se tornarem homens vão amar as suas esposas e serão submissos a Cristo como esse foi ao seu Pai, se entregando a sua noiva amada. A família não é só uma célula da sociedade, como também é a representação da vontade soberana de Deus para a humanidade.
Que possamos ficar regozijadas ao saber que simbolizamos a igreja que precisa da proteção do seu amado Senhor! Despeço me deixando o link (https://www.youtube.com/watch?v=mu3dPT6Eb4A) de um pedaço de uma palestra da Norma Braga que inspirou a escrever o presente texto.
Abraços e até a próxima,
[1] Jen Wilkin, “Mulheres da Palavra: como estudar a bíblia com nossa mente e coração”, São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.
[2] Dave Havey, “Quando pecadores dizem sim”, São José dos Campos, SP: Fiel, 2009.
[3] Antônio Lopes Ribeiro, Razão e sensibilidade: a desconstrução do mito da fragilidade feminina. Congresso de Teologia da PUCPR, 10, 2011, Curitiba. Anais eletrônicos. Curitiba: Champagnat, 2011. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/congressoteologia/2011/.