terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

O rancor é um sentimento pesado, casado com a escuridão. O rancor é uma semente de erva daninha, brota rápido em pouco terreno, filham as raízes de amargura. Logo cresce e seus galhinhos entrelaçam-se na mente com a pergunta: "Como ele(a) pode ter feito isso comigo?" Sim, porque o rancor é sempre pessoal, ainda que a possível ofensa não tenha sido. Não demora muita para suas folhas fecharem nossos olhos: não enxergamos as reais motivações e dores dos outros, não compreendemos nada com a devida clareza. Na verdade, não há qualquer clareza ou claridade na mágoa, ela é por essência trevas. E quanto mais toma nosso coração, mais densa e robusta se torna, cobrindo nosso ser com pesada sombra: sombras assustadoras de tristeza, angústia, sentimentos de injustiça e dor profunda, seus espinhos laceram a alma. Já não há como enxegarmos nada: como um muro intransponível, suas horrendas e fortes folhas de falsas verdades criadas no interior de nossa própria razão cobrem todo o cenário. As raízes se aprofundam até enredar nossas pernas, ficamos imobilizados, tudo gira em torno daquilo e nós em torno de nós mesmos, mas precisamente de nossa dor. Nossos pés se posicionam no lugar de vítima e como vítimas, somos os agentes passivos da ação, e na passividade, não há nada - pensamos - que possamos fazer por nós mesmos, apenas sofrermos e (res)sentirmos aquela injúria. Ressentir, como dizia padre Léo, sentir várias vezes a mesma coisa: em nossa memória revivemos a ofensa como um filme em gravação do qual somos os diretores, mudamos os ângulos, as sequências, os detalhes, e seguimos repetindo as cenas, só não temos mais condições de distinguir o que é real do que é imaginário. Por fim, todo este cerco interior nos sufoca e pouco a pouco vamos perdendo o ar, o sentido, o brilho, a razão de ser. Definha-se em vida, alma em decomposição. E para derrubar este resistente parasita, um só machado eficaz: o perdão, outro não há. Seu cortar muitas vezes é barulhento, seus golpes afiados, exige força tamanha, mas põe abaixo a maldição. Mas não caiamos na tolice de cortá-la pelo tronco, ou poderá a árvore ressurgir. Cortemos o mal pela raiz, não nos apeguemos a qualquer justificativa, para que possamos, enfim, reviver.

Ósculos de libertação,
Iky Fonseca

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