domingo, 29 de outubro de 2017

Na verdade faz vários meses que eu senti a necessidade de escrever esse texto, mas queria ter certeza sobre algumas dúvidas que permeiam o meu coração. Eu cresci ouvindo acerca de ter uma independência financeira, mas ao mesmo tempo sempre fui ensinada sobre a importância do casamento e o papel da família na vida da mulher. Essa vivência infanto-juvenil foi fundamental no meu processo de concepção enquanto mulher.

Em minha grande família pude crescer vendo diversas mulheres fortes que são belos exemplos de feminilidade e domesticidade, sempre pude me prender nisso, mesmo vendo que ao mesmo tempo essas mulheres de alguma forma pareciam injustiçadas pelo labor doméstico ou por uma má escolha de parceiro. Onde estava Deus? Como podem ainda essas mulheres serem submissas a essas situações?

Ao passar dos anos pude ver discussões mais palpáveis sobre direitos femininos, mas nunca cheguei a militar esse tipo de causa. Porém uma coisa me inquietava: por que as pessoas, principalmente mulheres, se transformam tanto ao ingressarem no ensino superior público? A liberdade sexual sempre está atrelada a essas mudanças, discursos cada vez mais egoístas, não existe muito mais o nosso, mas a pauta sou eu, ou melhor dizendo, a classe na qual estou inserida. Não vamos mais nos calar, a mulher tem voz, ela pode ser o que ela quiser. Mas será mesmo?!

Não é difícil entender porque o feminismo ganha mais adeptas todos os dias, é só ligar a televisão no jornal do fim de tarde, teremos dezenas de mulheres mortas ou agredidas por seus companheiros e, na real, alguém precisa fazer algo para mudar a realidade das nossas mulheres. E agora quem poderá nos salvar? “Eu, o feminismo!”.

Fiz uma pesquisa na minha página pessoal do Facebook, onde perguntei o motivo das pessoas se intitularem feministas, as respostas seguiram a mesma linha de pensamento, mas infelizmente o resultado que eu obtive não foi satisfatório, eu esperava mais respostas, talvez de pessoas que realmente leram O segundo sexo de Beauvoir. A maioria das respostas falaram do tal patriarcado e que acreditaram na equidade entre os sexos, teve uma pessoa que citou algo correspondente a realmente se amar através do feminismo por entender o seu papel na sociedade. O meu questionamento para você leitora é: mas se o feminismo é tão paz e amor por que não “posso” ser cristã e feminista? Ou melhor ainda, onde está o problema em buscar um salário equivalente ao de um homem trabalhando a mesma função e em mesmas quantidades de tempo?

A pergunta cerne seria “qual o problema com o feminismo?”. Se você conhecer um pouco das principais difusoras do feminismo e você for uma conhecedora das Escrituras, essa resposta pode ser compreendida com maior facilidade, mas caso não seja, vamos conversar um pouco sobre o feminismo em uma perspectiva histórica e bíblica.

Para conseguirmos um melhor entendimento vou tecer comentários sobre as três ondas do feminismo de uma forma honesta, porém modesta. Existe um pouco de confusão, mesmo porque a dissociação do feminismo entre a Europa e EUA é bem clara inicialmente, depois elas se entrelaçam e os posicionamentos se tornam semelhantes.

Antes de detalharmos a sequência histórica, quero dizer que particularmente acredito que existem vários princípios perigosos no feminismo. O primeiro é o resgate a filosofia humanista onde tira-se a necessidade do homem de um Criador e o torna um personagem central onde os seus anseios e realizações pessoais é o que realmente importa. O que se relaciona muito distante da cosmovisão cristã, ou seja, da forma como a filosofia cristã se relaciona com o mundo e com o indivíduo. Associando aos perigos do feminismo ainda sinalizo a instaurada guerra dos sexos, abandono da legitimidade do casamento, questões pró-aborto, liberalização sexual fora e dentro casamento, questões que nem preciso sinalizar com anti-bíblicas.

Bom, historicamente as mulheres foram inicialmente subjugadas e maltratadas. No ano de 1776, uma mulher não feminista chamada Abigail Adams pediu ao seu esposo para que ele reconhecesse as mulheres civilmente, por ele ser influente na época, mas isso não teve resultados, ela queria direitos civis, pois naquela época a mulher depois de casada perdia a voz socialmente e era tratada como um escravo. Acredito que foi importante esse relato porque mesmo ela não obtendo resultados, vemos que ela lutou por algo legítimo e que não precisa ser feminista para lutar pela sua valorização, mulher.

A primeira onda é caracterizada por lutar por direitos civis, entre eles o voto, luta justa na qual garantiu uma herança maravilhosa para a geração atual de mulheres. Sua principal protagonista foi a Elizabeth Candy Staton, porém além de direitos justos essa onda tem uma nuance que ataca o cristianismo e coloca a igreja em um papel de vilã nas lutas de gênero, propondo inclusive uma reforma no cristianismo.

O grande erro é justamente esse, porque historicamente o protestantismo traz uma valorização do casamento e do papel da mulher na família, a colocando em uma posição de equidade no casamento, “Se o esposo e a esposa falham em amar um ao outro acima de todo o mundo, eles não somente ofenderam um ao outro, mas também desobedeceram a Deus” (Edmund Morgan).

Já a segunda onda é estrelada por dois ícones marcantes, Simone de Beauvoir e Betty Friendan. Elas desenvolveram literatura no mesmo período histórico, Beauvoir com O segundo sexo na Europa e Friendan com A mística feminina nos EUA.

É muito difícil falar de Simone e não falar de Sartre, os dois foram muito influentes com a sua filosofia libertária e ambos afirmavam a importância de um relacionamento fora dos padrões de fidelidade e com uma completa liberdade individual. O seu livro, O segundo sexo, trata a condição subordinada da mulher, na qual, segundo ela, era apenas a sombra de um homem, tratada apenas como um objeto, talvez ela afirmasse isso com tanto vigor porque para Sartre (a quem ela dedicou a vida, mais do que qualquer outra coisa) ela não passava disso.

Em 1953 O segundo sexo foi traduzido para o inglês e chegou aos EUA, mas nesse período as mulheres norte-americanas se preocupavam com questões mais triviais, como o tédio que a dona de casa estava passando nos seus lares. A Mística feminina de Betty, trata a questão do significado feminino, segundo ela, existe um problema que não tem nome, a mulher não se sente plena sem a sua carreira, a vida domestica para ela é um desperdício do potencial feminino, como também, um papel de menor importância em relação ao papel masculino. Ela também foi a cofundadora do grupo de ação política pró-aborto.

Por fim, temos a terceira onda chamada de sexo-radical ou sexo-positivo, geralmente quando uma pessoa vai falar bem do feminismo nunca cita essa onda, mas sim, ela existe e ela vai de encontro a muitos preceitos bíblicos. É na terceira onda que surge a vulgarização feminina, o advento de indústrias pornográficas, além de ser o momento de empoderamento, as chamadas Girls Power ou campanhas como “my body, my rules”. Sensualizam mulheres e as tratam como fêmeas no cio, mulheres são expostas como carne no açougue, na verdade, acredito que aí sim começa a tal da cultura do estupro.

Não, o feminismo não me representa! Sei que existem homens maus que maltratam, mas para isso existem leis e diversas formas de episteme para essa mulher ferida se encontrar e se amar. Só Cristo pode restaurar corações partidos a beira de um poço, como Ele fez a Samaritana sedenta (João 4) que mesmo tendo vários relacionamentos ainda precisava de se amar, ainda precisava de um Salvador.

Porém todas nós precisamos de Cristo, precisamos da sua luz e sua redenção que nos faz livre das mazelas mundanas. Ainda podemos observar que uma característica forte do feminismo é a super valorização da mulher e mesmo tendo funções sociais diferentes, para Deus homens e mulheres possuem igual valor.

Dizendo adeus e me desculpando pela a extensão do texto, um abraço a todas! Manda o link para as amigas feministas cristãs, um beijo e até a próxima,


Referências:
McCulley, C. Feminilidade radical: fé feminina em um mundo feminista. São José dos Campos, SP: Fiel, 2017.
PEACE, M. Mulheres em apuros: soluções bíblicas para os problemas que as mulheres enfrentam. São José dos Campos, SP: Fiel, 2010.

Quem somos?

Jovens que escolheram a santidade para todas as áreas de suas vidas, inclusive para os relacionamentos. Acreditamos que a família é um projeto tão importante que devemos investir nele antes mesmo do namoro e do casamento.

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