O desabafo de um coração que pode ser o seu.

Ai, Senhor Deus, mais dias vão se passando e aquele mesmo conflito ainda se digladia dentro de mim. Eu não queria me sentir assim, mas é assim que me sinto. Eu, em alguma parte grande de mim, sinto falta de alguém. Não sei bem explicar o porquê se está tudo tão bem. Se eu gosto tanto de ser assim como sou hoje, por que faz tanta falta? Por que a carne e o coração desejam tanto um(a) companheiro(a)? Faz falta o beijo, faz falta o toque, o sorriso, o olhar e a cumplicidade. Faz falta. Mas porque faz falta se tua presença me basta? De alguma forma entendo que disseste: não é bom que o homem esteja só. O Senhor não quis que vivêssemos somente contigo, quis nos dar outros abraços e outros amores para viver. Então como conviver com a falta que um amor faz enquanto ele não vem? Como sobreviver à pressão indireta e direta que o mundo faz, que os amigos fazem, que a família faz e que internalizo tanto a ponto de me fazer mais que qualquer um deles? Como resistir à tentação de não criar expectativas, como relaxar o coração e simplesmente deixar a vida correr? Como esquecer que eu não tenho um namorado ou coisa assim? Será que dá pra esquecer um pouquinho o desejo natural e tão humano de estar e experimentar o outro? Quando tudo gira em torno disso, minha órbita parece tão desalinhada e ao mesmo tempo tão atraída para esse mesmo sistema... Sinto-me confuso(a) - entre o que quero, o que não quero, o que finjo não querer, o que não sei se quero mesmo e o que (não) pode acontecer. Será que dá pra acalmar tudo aqui? Aqui, do lado de dentro a tempestade parece tão mais intensa que lá fora! Vejo que meu coração mudou, meus anseios mudaram, e algumas coisas que não queria hoje quero. Não que não tenha tido ilusões antes, mas agora são desejos profundos e tão reais quanto a manhã que logo nasce. É um eu tão indomável quanto esse cabelo que o vento leva. Um eu incerto, que não tem bem certo o que o Senhor pensa. E por mais que sinta-se tentado a crer que o Senhor não se importa, sei que está em minha porta me guardando para que não venha a entrar aquilo que não é certo, o caminho mais perto para me atrapalhar. Mas sei que o Senhor fecha, só que também abre este coração pra quem pode morar. A chave já te entreguei e de maneira nenhuma, nem mais uma vez eu quero tomar. Só te peço que na jornada, nessa tentadora caminhada, me ajude a não desviar. Pode ser difícil viver sem tudo, mas sem o Senhor o meu mundo começa a desmanchar. Tal como à criança, à minh’alma balança, vem me ninar.